O Breve Catecismo de Westminster diz que existe somente um Deus, e este Deus subsiste em três pessoas: Pai Filho e Espírito Santo. E estas três Pessoas possuem a mesma substância, sendo iguais em poder e glória.
De forma alguma as Escrituras ensinam
que existem três deuses, bem como também não ensina que este Deus se disfarça
de outras pessoas para se comunicar com a humanidade, como já imaginaram alguns.
Tudo o que podemos afirmar sobre a doutrina da Trindade surgiu diretamente da
Bíblia, não sendo e nem podendo ser fonte da elucubração humana, dada a
complexidade da doutrina e nossa limitada compreensão. No livro “A Handbook of
Christian Truth”, de Harold Lindsell and Charles J. Woodbridge (p.51-52) há uma
frase baseada num sermão de Robert South (séc XVII), que se tornou muito famosa
e é bastante feliz sobre este assunto, que diz: "A mente do homem não pode
entender completamente o mistério da Trindade. Aquele que tentar entender
completamente o mistério perderá a cabeça; mas aquele que negar a Trindade
perderá sua alma.". Apesar de não ser possível encontrarmos uma definição
fácil, nem compararmos com elementos da natureza, como também tentam, é
possível, observando o que afirma a autorrevelação de Deus, entender de modo
simples o que é a Trindade.
A doutrina da Trindade é o fato
de que há um ser eterno de Deus – indivisível, infinito e este um ser de Deus é
compartilhado por três pessoas coiguais e coeternas, a saber, o Pai, o Filho e
o Espírito¹. Estas estão em completa harmonia e em completo entendimento.
São muitos os testemunhos escriturísticos
sobre o Deus Trino. Desde o Antigo Testamento, Deus se apresentava de modo
plural. Quando a criação passava a existir ao comando da Sua voz, o Espírito já
pairava sobre a Face do abismo (Gn 1.2); o que Ele dizia era sempre em
conjunto, no “façamos” (Gn 1.26), no fato de Deus se dirigir a Si mesmo, e as
Pessoas da Trindade falarem uma com a outra (Gn 6.3; Is 61.1); sem contar as
diversas profecias acerca do Filho, que já era anunciado com características
inerentes ao próprio ser de Deus (Dn 7.13), o que já evidenciava a doutrina
posteriormente denominada Trindade. No Novo Testamento vemos Jesus, como a
manifestação exata do Ser de Deus, nos ensinando a batizar em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19), à exemplo do Seu próprio batismo, onde o
Pai, o Filho e o Espírito aparecem, manifestando o Seu plano salvífico (Mc
1.10-11). Foi Ele mesmo que prometeu o Espírito, como aquele que viria a parte
do Pai e do Filho (Jo 16), e a própria Palavra de Deus afirma que esses Três
são as testemunhas e um só é o mesmo Deus (1 Jo 5.7-8).
Cada uma destas Pessoas divinas é
mostrada em toda a Escritura com características divinas inconfundíveis, ainda
que com trabalhos distintos. As três pessoas que compõem a deidade, embora
igualmente perfeitas e soberanas, possuem uma certa relação Santa de
subordinação que nós chamamos de “Economia”, principalmente no campo da
história da salvação. Vemos que cada uma das Pessoas contribui para que esse
plano Divino seja executado. A Bíblia diz que o Deus Pai atuou na Eleição,
programação e determinação da salvação. Foi Ele que, desde a eternidade decidiu
salvar o Seu povo (Ef 1.4); na Plenitude dos tempos, Jesus vem a este mundo,
para viver uma vida perfeita e morrer numa cruz sob a ira do Pai para tornar a
salvação possível (Gl 4.4-5), pelo perdão dos pecados, bem como também vemos o Espírito
Santo convencendo os homens e aplicando a Palavra no coração daqueles que creriam
e se renderiam ao Senhor Jesus Cristo (Jo 16.8). A salvação é uma obra Trina e perfeita,
na qual Deus Pai planeja, o Deus Filho executa e o Deus Espírito regenera, aplicando
a salvação nos Seus.
Há muito o que se compreender
acerca desta tão maravilhosa revelação do ser essencial de Deus. E embora para
muitos soe como algo de trabalhosa compreensão, não nos resta outra alternativa
a não ser buscarmos entender o que foi por Ele mesmo revelado. Conhecer a Deus
nos faz nos relacionarmos com Ele mais profundamente, e sobretudo,
verdadeiramente; bem como redunda em glória ao próprio Deus Trino, pois nos
traz o regozijo de poder contemplar a Sua transcendência, poder, grandeza,
glória e beleza. Como diz a Confissão de Fé Batista de 1689: “Essa doutrina da
Trindade é o fundamento de toda a nossa comunhão com Deus e confortável
dependência d’Ele”. Deus é trino e singular, e trabalha em Sua inteireza para
que nos alegremos na plenitude do Seu ser, operando em nós uma salvação
completa e perfeitamente eficaz.
Ao Pai, ao Filho e ao Espírito,
trino e único Deus, seja a toda a glória!
Referências:
Teologia Sistemática de Louis
Berkhoff. Editora Cultura Cristã;
Site: Monergismo.com
¹A Doutrina da Trindade: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_isaias.htm
Uma Breve Definição da Trindade: www.monergismo.com/textos/trindade/breve_definicao_trindade_white.htm
Um e Três: Trindade: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_genebra.htm
A Trindade: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_bob_burridge.pdf
A Confissão de Fé Batista de Londres de 1689: http://www.monergismo.com/textos/credos/1689.htm
Ministério FIEL: Agostinho e a santíssima Trindade: https://ministeriofiel.com.br/artigos/agostinho-e-a-santissima-trindade/
Curiosidade histórica sobre a doutrina da Trindade. Pedro
Pamplona (twitter): https://twitter.com/pedromcp/status/1280127739568230401
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