Falar sobre o amor é algo
sublime. Classificado no dicionário como um sentimento que leva os homens a
níveis extremos de interação afetuosa, é mais que somente um sentimento, mas a força motora de todo o universo.
Para nós, iluminados, é
impossível não pensarmos em amor sem nos remetermos à Sua fonte: Deus. Ele é a
perfeita expressão do amor, sendo o padrão pelo qual conhecemos tal sentimento.
Como diz o teólogo: “Deus é aquele que cria, rege e sustenta todas as coisas em
perfeito amor”.
Consideremos algumas coisas
acerca do amor. Primeiramente, entenderemos o que ele é e como é dispensado a
nós.
1. Como
sabemos, Deus é amor (1 João 4.8). Isto é um atributo d’Ele, está em Sua
essência (natureza). Além disso, Ele é a fonte de todo o amor tanto para crentes
quanto para descrentes, sendo impossível encontrar amor fora de Deus. (Efésios.
2.4; 1 João 4.16);
2. Em
contrapartida, o amor não é Deus, ou seja, Ele não é um sentimento como afirmam
os panteístas. Deus é um ser pessoal, que possui outras santas características
como: ódio, ira, vingança, justiça, por exemplo. (Amós 6.8; Juízes 10.7; Naum
1.2; Gênesis 18.25; Atos 17.31; Romanos 1.18.
3. O
amor é encontrado no A.T pelo vocábulo “ahav”
e nos tempos neotestamentários em quatro formas vocálicas distintas em seu
significado do grego: “Eros” – O amor
entre homem e mulher (Cantares e Provérbios 7.18 – Não encontrado em versículos
do N.T, mas presente na cultura do séc I); “Philos”
– O amor entre amigos, como Pedro responde a Jesus em João 21.15-16 (“Sim, eu
gosto de você, sou seu amigo”); “Storge”
(Lê-se storgue) – O amor fraternal, entre familiares (Romanos 12.10); e o
novo conceito de “amor” para a época, não encontrado em nenhum outro escrito do
séc I além da Bíblia, o “Agape”, (Lucas
10.27, João 3.16) que é o amor sacrificial de Deus, amor altruísta e doador,
como o plenamente demonstrado em Jesus Cristo.
4. Com
a queda, tornou-se impossível ao homem natural amar. Uma vez que, a imagem de
Deus foi distorcida e o homem morreu também legalmente. (Gênesis 2.17; Romanos
1.31; 2 Timóteo 3.3; Romanos 1.30)
5. Sendo
assim, o que vemos nos homens como, fraternidade, amor materno e compaixão, são
sinais do que chamamos de “graça comum”. Que é a ação de Deus no mundo,
provendo a pecadores coisas boas, impedindo-os de serem tão maus quanto podem
ser. O amor do “homem sem Cristo” é um resquício de graça, uma fraca projeção
do que é o amor supremo, obtido somente na plenitude da presença de Deus.
(Mateus 5.44-45; Lucas 6.35-36; Atos 14.16-17)
6. O
amor não é levianamente tolerante ou inerte – Por nos amar, Deus não tolera
nosso estado natural corrompido, nem nos deixa à ação da nossa vontade ou
tempo; antes, muda-nos, a fim de fazer-nos à imagem da perfeição exigida por
Ele. De tal modo, é explicável o fato de que, na santificação nos tornamos à
semelhança de Cristo (Efésios 4.13).
Deste modo, a
ideia de que demonstrar amor é conivir com o erro do outro, é errada. Se
amamos, ver o objeto do nosso amor numa situação ruim é inquietante,
impelindo-nos a leva-lo ao acerto.
7. Não
há prova maior de amor que a ação de Deus redimindo o Seu povo por meio de
Cristo. O que faz com que o Evangelho seja a expressão do amor de Deus. Quando
Paulo fala do amor como “dom supremo”, fala do dom recebido pelo Espírito
Santo, que ao restaurar o homem, capacita-o a sentir amor por Deus e pelo
próximo. (1 Coríntios 13; 1 João 4.7)
Compreendendo tais aspectos do
amor, como provindo de Deus, manifestado a todos os homens, mas imputado
somente nos salvos, poderemos entender as 3 esferas deste amor na vida do
crente e aplicar as lições divinas em nosso cotidiano, afim de experimentarmos
vidas sadias e cheias da presença do Eterno e amável Deus.
A esfera:
Do amor por
Deus
“Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. ”
1 João 4:19
A graça de Deus em Cristo é
perfeita e eficaz em sua obra pois de odiadores de Deus (Rm 1.30), passamos a
cumprir o mais importante mandamento: “Amar a Deus”, sobre todas as coisas, com
nossa força, entendimento e coração. O Espírito Santo, que nos convence do
pecado, da justiça e do juízo faz-nos por iluminação, contemplar a obra de
Jesus em substituir-nos sob a justa ira de Deus e ama-Lo incondicionalmente.
Por constrangimento (2 Co 5.14), somos levados na salvação a um patamar que
naturalmente não alcançaríamos nem em uma eternidade de boas obras (1 Jo 4.7).
Deus nos amou primeiro e capacitou-nos a amá-Lo com um amor consumidor e
desesperado.
A grande questão é que somos
levados pela ação de satanás em conjunto com nossa natureza pecaminosa a
esfriarmos neste amor, gerando em nós apatia nas áreas devocional e prática.
Os salvos certamente amam a
Cristo e, ainda que vacilem em seu amor, não permanecem em tal situação.
Portanto, se você se encontra neste estado, busque em Deus seu reforço
espiritual, pois por amar a Jesus, amamos o que Ele ama e odiamos o que Ele
odeia. Amamos sua palavra, sua providência, suas doutrinas e odiamos o pecado e
tudo quanto é carnal. Caso em sua vida haja uma inversão na ordem destas coisas,
se sua apatia é constante ou mesmo não há em você o desejo pelas coisas e
presença de Deus, reconsidere seus conceitos sobre salvação.
Do amor ao próximo
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu
irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar
a Deus, a quem não viu? ”
1
João 4:20
É uma lógica de simples
elucidação: Se amamos a Deus, amamos o que Ele ama. Por este motivo, o
versículo empregado é enfático em condenar aquele que afirma amar a Deus sem
amar o irmão. No que refere-se ao “próximo”, fala-se do irmão da fé, o
doméstico que senta-se ao nosso lado nos cultos da igreja. Ama-Lo
incondicionalmente, eis o grande desafio!
“Quantas contendas, mágoas,
calúnias e dissenções vemos em nossos arraiais! E o quanto isto expressa a
necessidade de conversão de muitos ‘crentes’! ”
Confesso ser bastante dura esta
palavra, mas ela é necessária. Pois não nos é dada a opção, mas sim ordenado o
amor aos irmãos, pois Jesus é preciosista para com a Sua Igreja (Ef. 5) e de
semelhante modo devemos ser; amando a igreja incondicionalmente e orando pelos
irmãos, ainda que se transfigurem em inimigos, pois Cristo ordena-nos amar os
inimigos e interceder por eles, perdoando os nossos perseguidores, dando a
outra face... Afinal, não temos direito de odiar ninguém, uma vez que nós,
dignos de todo o furor da ira de Deus, fomos perdoados através do sacrifício do
Santo Filho na cruz.
Aos que se identificam incapazes
de amar o próximo e perdoa-los, resolvam-se e busquem amar com o amor de Deus
(Judas v1).
Do amor ao
mundo
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna. ”
João
3:16
Assim como o
amor a Deus e ao próximo são reflexivos ao amor que recebemos por prova e dom,
o amor ao mundo assim também o é.
Com “amar ao
mundo”, não quero falar do mesmo mundo de Romanos 12.2, com o qual não devemos
nos conformar, mas o mundo como criação de Deus. Expressar este amor é prova de
perfeita obediência a Deus e à Sua Palavra. Amamos o mundo quando cumprimos o “ide”
de Mateus 28.19-20 e o testemunho de Atos 1.8 e exalamos o perfume do amor de
Cristo, afim de que por meio de nós, Deus salve a muitos. Isto nos exige uma
vida exemplar, na qual imitamos a Jesus e transfiguramos em nossos rostos a Sua
luz. Se não há em você o desejo de participar desta obra de salvação que Deus
opera, isto pode ser um sinal de que ela precisa ser feita primeiramente em
você.
O desafio do
Evangelho para nós é reproduzirmos o amor de Cristo em nós, anunciando o Reino
de Deus que se instaurou em nossos corações e está próximo daqueles que não
conhecem ao Deus de amor (Lc 10.9). O amor deste Deus derramado em nossos
corações é prova distintiva de que somos cristãos.
Infelizmente somos
tentados a desviarmo-nos do caminho que Cristo nos mostra. Se você, leitor, se
encontra “enfermo de amor”, busque cura em Deus! Mostre a diferença que Cristo
faz, procurando reconciliar-se com seu irmão, cônjuge, parente... Perdoe os que
te fizeram mal, independentemente da gravidade da falta cometida. Essa é a
aplicação do Evangelho e prova de que fomos salvos por Jesus Cristo.
Todo tipo de
amor (Eros, philos, storge) depois de Jesus, foi transformado em ágape, e é assim que ele deve ser vivido
e demonstrado: de maneira altruísta, doadora, gratuita e incondicional. Somente
assim, mostraremos ao mundo que realmente somos resgatados e vivemos em
novidade de vida, como uma nova criação deve ser. Que o amor de Deus manifesto
em Cristo Jesus inunde nossas vidas, fazendo-nos transbordantes do mesmo.
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