“Porque
não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação
de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se
descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela
fé.“
Romanos 1:16-17
Falar sobre o Evangelho de Jesus Cristo é a mais honrosa e dificultosa
tarefa a se cumprir. Com esta mensagem, muitos foram, são e serão salvos no
decorrer da história, e por ela, muitos serão eternamente condenados ao
inferno. O Evangelho é a mensagem mais simples, de modo que o mais humilde dos
homens entende e a absolve como verdade salvadora. Por outro lado, é tão rica
que nem mesmo a eternidade será suficiente para compreendê-la em sua inteireza.
Como Paulo, é possível dizer que não há motivos para envergonhar-se do
Evangelho, visto que, sem sombra de dúvida, não há nada mais precioso ao homem
que as “Boas Novas”. No entanto, o que a igreja moderna tem feito com o nome do
“Evangelho” é no mínimo digno de repulsa.
A superficialidade desta mensagem de “graça barata”, que exalta o homem
e o serve, é o resultado do desvio doutrinário dos últimos anos e do
evangelicalismo que mostra um “Jesus bobo”, que a todos se molda e para não
perde-los, bate nas portas e se machuca com suas recusas. Fala-se em um
evangelho sem cruz, que só traz benefícios e não toca em Verdade, Justiça e
Juízo. Somente serve para massagear os egos com seu teor de autoajuda que em
nada desafia o pecador, antes acomoda-o em seu confortável sofá de pecados e
alimenta-o com eventos, vitórias, prosperidade financeira, psicologias e toda a
sorte de palavras sem conteúdo bíblico, engordando-o com este mundo e
aumentando mais ainda sua destituição de graça divina. A tais, não lhe resta
nada mais a não ser uma enorme inscrição em suas testas onde se lê em relevo:
“CONDENAÇÃO”!
Tais coisas só fazem demonstrar a fragilidade do falso cristianismo que
impera nesse mundo de megatemplos e atos proféticos. Como não se envergonhar?
Como não desejar o vômito iminente?
Por este motivo, um retorno ao Evangelho se faz primordial. E não há
outra maneira de ter novamente estes valores impregnados em nossos corações, se
não pela Palavra que o testemunha. Acredito que somente um correto entendimento
da mensagem do Evangelho, mediante ação eficaz do Espírito Santo, pode fazer
com que a montanha de ossos secos ganhe vida, e desta vez, eterna. Convido-o a
conhecer comigo, o Verdadeiro Evangelho e entender porque ele é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que nele crê.
O Evangelho começa em Deus
Antes de qualquer coisa é importante saber que o Evangelho começa em
Deus. Ele é antes de todas as coisas serem criadas (Salmo 90.2) e tudo neste
mundo converge para Ele e sua glória (Is 43.7; Cl 1.15-19).
A Bíblia nos diz que Deus possui características que são totalmente
ligadas a essência do seu ser, estes são seus atributos, dos quais
podemos destacar sua justiça (Is 5.16), santidade (Is 6.3), e bondade (Sl
107.1), como nos diz Lucas 18.19:
“Jesus lhe disse: Por que me
chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. ”
Saber que
Deus é bom, justo e santo é algo maravilhoso para nós. Imagina se o universo
fosse criado por um Deus mau, injusto e que negasse a si mesmo? Isto seria
horrível!
Porém, este fato ao mesmo tempo se torna um problema para nós, pois
Deus é bom e nós não somos. E o que Ele deve fazer conosco, uma vez que somos o
oposto do que Ele é?
Entendamos este problema:
A Bíblia diz que o homem é injusto (Rm 3.12), que é pecador e carece da
glória de Deus (Rm 3.23). Ainda diz que por conta da desobediência à ordem de
Deus dada no Éden (Gn 2.17), todos os homens estão mortos legal e
espiritualmente, além de condenados ao inferno (Rm 6.23). Desde o pecado, todos
os homens estão em rebelião contra Deus, são inimigos e odiadores d’Ele (Rm
1.30).
Se, portanto, Deus é bom e os homens são maus. O que deve um Deus justo
e santo fazer com pecadores maus e corruptos? Imaginemos um tribunal onde o
juiz em vez de condenar o réu comprovadamente culpado, o inocenta e liberta,
ainda que todas as provas mostrem que ele é culpado e digno de condenação. Este
juiz seria considerado injusto, e injustiça não é uma característica do Deus da
Bíblia.
Vejamos como os pecadores são tratados diante de Deus:
“Os loucos não pararão à tua
vista; odeias a todos os que praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a
mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento. “
Salmos 5:5-6
Por ser justo, Deus não poderia deixar a transgressão do homem impune.
Não há justificativa para o pecado e só resta ao pecador a condenação pelo mau
que é intrínseco e tão praticado por ele.
Sendo assim, como poderia então Deus nos perdoar?
“Se um Deus justo
simplesmente perdoa os ímpios, Ele não é mais justo. Se um Deus Santo chama o
ímpio para Ele mesmo, para ter comunhão com Ele, não é mais um Deus Santo.
Então a grande questão de toda a Bíblia é esta: Como um Deus justo perdoa o
homem ímpio e continua sendo justo?
Como um Deus Santo chama o
ímpio para ter comunhão com Ele e ainda continua santo?”**
Observemos o texto de Números 14.18:
“O Senhor é longânimo, e
grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que o culpado
não tem por inocente, e visita a iniquidade dos pais sobre os filhos até a
terceira e quarta geração. “
O texto bíblico diz que Deus é misericordioso e perdoador, embora não
inocente o culpado. Isto quer dizer que Deus só poderia nos perdoar caso
houvesse punição para o culpado, pois “sem derramamento de sangue, não há
perdão de pecados” (Hb 9.22).
Então, como
poderia Deus nos perdoar?
“Para demonstração da sua
justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele
que tem fé em Jesus. ”
Romanos 3.26
“Na Cruz de Jesus Cristo, vemos a revelação tremenda e
única da completude dos atributos de Deus. Deus é justo, Ele tem que condenar
nosso pecado. Deus é Amor, então Ele se torna um homem em seu filho, vive uma
vida perfeita como homem e então vai até aquele madeiro, e no madeiro, os
pecados de Seu povo são lançados sobre Ele e toda a justiça de Deus, toda ira
de Deus que nós merecemos é jogada sobre a cabeça de Cristo. A medida exata
necessária para satisfazer completamente a justiça de Deus. Depois de sofrer,
Jesus disse: ‘Está consumado! ’ (Jo 19.30)
Isso quer dizer que Ele fez aquilo que foi exigido
para satisfazer a justiça de Deus contra o Seu povo. Ele pagou o preço
completo. ”**
Jesus Cristo foi o
justo que pagou pelos injustos. Ele foi esmagado e moído para pagar pelos
nossos pecados (Is 53.10). Através do Seu sacrifício na cruz, fomos
justificados (Rm 5.6-11). É como se prestes a receber a injeção letal que
levaria o condenado à morte, alguém tomasse seu lugar e recebesse a pena de
morte que lhe era devida. Foi o que Jesus fez na cruz! Ele recebeu toda a ira
de Deus, toda a eternidade no inferno de uma só vez para livrar o seu povo da
condenação merecida, ainda que Ele (Jesus) não houvesse cometido nenhum pecado
sequer.
Por apresentar-se
como culpado ante o Pai em nosso lugar, recebendo todo o furor da ira de Deus
para limpar-nos de qualquer condenação (Isaías 52.13ss), Jesus se torna nosso
único salvador, uma vez eu não poderia ser confiado a outro esse encargo. (At.
4.12; Jo 14.6; 1Tm 2.5).
Assim, não há outro
que poderia nos salvar, não haveria plano melhor que esse, na verdade, o mundo
só foi criado porque o Cordeiro de Deus já havia sido providenciado para
redimir o Seu povo! (1 Pedro 1.19-20)
Esta é a prova de
amor de Deus, que providenciou antes da fundação do mundo a nossa salvação. Ele
nos amou com um amor eterno e fez com que, por meio do sacrifício do Seu Filho
Unigênito, fôssemos feitos d’Ele. Não há maior manifestação de amor que esta.
Os salvos em Cristo são amados por Deus! (Rm 5.8)
Compreendendo esta
verdade do Evangelho, que Jesus morreu para nos purificar do pecado e
livrar-nos da justa ira de Deus. Como podemos tomar posse desta verdade e vivermos
por ela, livres do pecado e da condenação que cerca-nos tão ardilosamente?
O convite ao arrependimento
Para que o homem pecador seja salvo, ele precisa se arrepender e crer
no Evangelho. A mensagem da cruz culmina com o convite ao arrependimento, onde
Deus chama todos os homens à conversão.
Desde João Batista, a pregação é sempre a mesma: “ARREPENDEI-VOS! ”
(Marcos 1.15). Somente a partir da revelação do Evangelho, o homem consegue ver
a gravidade dos seus pecados e clamar pela salvação em Cristo (Atos
2.37).
Nisto, vemos a discrepância com a pregação atual. Pois o que se prega
atualmente em muito difere-se do arrependimento bíblico.
Mas o que significa
arrependimento?
Arrependimento significa: “mudança de mente”, da palavra grega “metanoia”. Porém, é muito mais que uma superficial
mudança de mente. Para o grego, este termo significava a alteração de todo o
intelecto, senso de realidade, transformação do centro de controle de
pensamento, ações e vida humana. Um exemplo claro de arrependimento é o do
Apóstolo Paulo, que perseguia os cristãos vigorosamente por que pensava ser
Jesus Cristo o maior blasfemo que já existiu e a religião cristã a pior seita
que se instaurou sobre a terra. Para ele, os seguidores do nazareno deveriam
ser mortos por heresia e o legado do Jesus ser extinguido da terra. Porém, na
estrada de Damasco, Paulo se encontra com Jesus e então a sua vida é totalmente
mudada, e ele vê que Cristo é o Filho de Deus, o Messias prometido e que os
cristãos eram o povo escolhido de Deus. De perseguidor, ele torna-se o maior
missionário do cristianismo, perseguido, torturado, por vezes preso, e dedicou
toda a sua vida pela causa de Cristo Jesus como um dos mais importantes
apóstolos. Isto é conversão! Quando toda a sua mente muda, as suas concepções
sobre vida e realidade são zeradas e você passa a ver tudo sob a ótica de Jesus
Cristo. É quando o centro de controle de suas ações, sentimentos e existência é
totalmente reprogramado para viver em função de outro, a saber, Cristo Jesus.
Outros exemplos podem ser muito bem citados, como Mateus (Mt 9.9ss), o
Endemoninhado Gesareno (Mc 5.1-20) e outros.
Diferentemente do que se prega atualmente, arrepender-se é muito mais
que adicionar “Jesus” a um espaço vazio no coração, mas é antes de qualquer
coisa, destruir todas as paredes de nosso interior para que Jesus nos tome por
completo para Si. Ele é o Rei que precisa ser totalmente entronizado em nossas
vidas, fazendo-nos viver em função do Seu Reino (Mt 6.33). Assim, antes nós que
amávamos o pecado (Jo 3.19), passamos a odiá-lo com violento furor; e antes,
que odiávamos a Deus (Rm 1.30), passamos a amá-Lo de todo coração, alma, força
e entendimento (Lc 10.27). Contemplamos nossa podridão e entregamo-nos ante Seu
governo, acatando todas as suas exigências.
Uma vez que fomos arrependidos pelo Espírito Santo (Jo 16.8), somos
impelidos a confiar incondicionalmente em Jesus. De modo que qualquer
afirmativa de que qualquer obra venha nos salvar, se torne estranha e repulsiva
a nós. Como diz o cântico: “Nada apresento em minhas mãos, senão a fé em Jesus
Cristo”. Ele se torna a esperança única a todo coração regenerado, de modo que
o crente em nada aplica o mérito da sua salvação senão em Cristo Jesus (Ef.
2.8-9).
E como sei que sou salvo?
A maneira de saber se somos salvos é um contínuo crescimento na graça e
no conhecimento de Cristo. O salvo continuará a crer em Jesus Cristo (Jo 3.16)
e isto o levará a crescer na fé. Ele não viverá em carnalidade (Rm 6.1-2),
deixando de ser ímpio (Que significa “amante do pecado”). Além deste fato, ele
será continuamente corrigido pelo Senhor. O grande diferencial do réprobo ante
o salvo é que Deus abandona aquele às suas paixões, enquanto ao salvo, Deus
continuará permanentemente santificando-o e aperfeiçoando, moldando o seu
caráter, punindo-o, exortando-o, testando sua fé e transformando-o à medida da
estatura de Cristo Jesus (Hb 12.6ss; Tg 1.12; Ef 4.13). Ademais, o salvo recebe
por capacitação do Espírito a perseverança, afim de que suporte até o fim as
provações que virão (Mt 24.13).
Sendo assim, o distintivo da salvação é uma contínua e crescente fé em
Cristo, o que o fará frutificar e avançar na fé, sendo sustentado por Deus em
todo tempo em meio as tribulações e perseguições. Ele perseverará até o fim,
não por seus méritos, mas porque Deus o sustentará até o dia da glorificação,
quando então, toda a pecaminosidade se extinguirá. Esta é a garantia de que
aquele que começou a boa obra será fiel para completa-la (Fp 1.16).
Esta é a mensagem antiga, a “doutrina dos apóstolos”, que leva o homem
a salvação (1 Jo 5.13) e glorifica a Deus como seu fim último. O que passa
disto deve ser considerado maldição por amor a Cristo (Gl 1.8). Que a glória
seja sempre dada a Deus em Cristo, autor e consumador da nossa fé!
Leitura complementar:
·
O Verdadeiro Evangelho – Paul Washer. Editora FIEL;
·
A mais terrível verdade das escrituras** – Paul Washer (Internet);
·
Orientações para odiar o pecado – Richard Baxter (Internet);
·
A decisão por Cristo – L. R. Sheldon Jr – Editora FIEL;
·
Bíblia Sagrada.
Que Deus os abençoe!
Luan Almeida.
Esse merece ser impresso.
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