Texto base: Romanos 6.22
(Transcrição de estudo, feito aos jovens da Primeira Igreja
Batista em Uruçuca-BA.)
Como é difícil falar sobre namoro! Até porque, a Bíblia não
menciona esta palavra uma única vez, tampouco aborda algo semelhante a ‘namoro’
naqueles tempos. Na verdade, de acordo com a Palavra, isto poderia muito bem
ser chamado de casamento.
Namoro é coisa nova. Tem lá seus quase 100 anos, e foi surgindo
como uma forma dos pretendentes se conhecerem antes do dia do casamento, de fato.
É uma preparação para o mesmo, e que, à medida da sociedade, tem sido
destruído, desmoralizado, abandonado, ou perdido sua razão inicial. Hoje,
poderíamos facilmente chamar de “recreação”. Até mesmo no meio cristão.
Mas, louvado seja Deus por estamos aqui! É sinal de que
queremos aprender a sermos integralmente submissos a Cristo, então,
aprenderemos algo d’Ele; porque de alguma maneira interna ou externa, Ele nos
inclinou a estudarmos este tema, hoje, agora. Isto é sinal de que algo aconteceu
a nós, e quer trabalhar nossa maneira de ver as coisas. Vamos lá!
Observemos antes o texto de Rm 6.22:
Mas agora, libertados do
pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por
fim a vida eterna.
Mas, agora, libertados do
pecado:
Cristo nos libertou da
escravidão natural, onde servíamos ao pecado voluntariamente (Jo 8.34), e
condicionalmente (carregávamos a herança de Adão e seguíamos pela carne,
identificada com satanás à ponto de sermos chamados “filhos” – Jo 8.44).
Feitos servos de Deus:
Livres do pecado, conhecemos a
verdadeira liberdade (Jo 8.32), sendo feitos ‘escravos’ de Deus. Esta é a real
liberdade, pois fomos criados para amar a Deus e gozarmos eternamente d’Ele¹.
Deste modo, servindo-O por meio da capacitação dada por Seu Espírito através da
regeneração, podemos, presos por laços de amor (desejo puro, afetuoso,
voluntário), pertencermos e aproximarmo-nos da Razão da nossa vida.
Tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna:
Na regeneração, somos
recriados e reprogramados para sermos o que desde o Éden deveríamos ser: Santos.
Este é o fruto do novo nascimento, e o penhor de garantia da eternidade. Salvos
em Cristo, naturalmente nos santificamos, porque nos tornamos, à medida
da revelação da Sua glória, parecidos com Ele (Ef. 4.13).
Bem! A uma primeira vista, parece
que o texto supracitado não tem nada a ver com namoro ou vida sexual. E,
realmente não se propõe a falar sobre isso, mas tem tudo a ver com o assunto,
pois, trocando em miúdos, ele quer dizer que se fomos salvos em Jesus,
regenerados por Deus e livres da escravidão do pecado, certamente veremos isto através
de frutos de santificação. Nossa mente pensará diferente, nossas ações
consequentemente serão outras e nossos relacionamentos também! (Não disse que
poderíamos encaixar o namoro aí?) (Risos)
Abraham Kuyper afirmou que “Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa
existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: ‘É meu!
’”, e assim sendo, nosso namoro e vida sexual deve pertencer a Ele em
propriedade e dedicação. Veremos abaixo, portanto, alguns aspectos para termos
um relacionamento bíblico.
- Um relacionamento
bíblico, integralmente submetido a Cristo, requer:
1. Abnegação
Fujam da imoralidade sexual. Todos os
outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca
sexualmente, peca contra o seu próprio corpo. (1 Co 6.18 - NVI)
Fujam! Este é o imperativo que nos
serve de preceito para um relacionamento bíblico. Não se trata de fugir do
namoro, do rapaz ou moça (dependendo do caso, é claro! Rs), mas fugir da “porneia”, que em sua Bíblia pode estar
como “imoralidade sexual”, “fornicação”, mas que mais exatamente quer dizer “prostituição”.
Fugir, como um gato foge do cão;
fugir, não dando brecha ou vacilo; fugir, sem olhar para trás.... Também não
falo somente durante, mas principalmente antes e, caso aconteça, depois.
A maioria dos escândalos sexuais
entre jovens cristãos, acontece porque lhes falta controle! A mídia e a
psicologia moderna, tem incutido em nossas mentes que fazer sexo aos 9, 10, 11,
12 anos é normal; que a masturbação é natural e faz bem, e que o erotismo que
se vê é a manifestação de uma cultura livre da moralidade hipócrita imposta por
uma sociedade religiosa... #SóQueNão! Não foi assim que Deus estabeleceu as
coisas e, digam o que for, os filhos de Deus se apegarão ao Seu Pai. E a ordem
dada por Ele é fugir!
Não podemos aceitar tais coisas,
tampouco vive-las. E, apesar deste mundo, é possível estabelecer um padrão
santo de relacionamento no que diz respeito a “intimidade”. Fujam dos toques
intensos e carícias impróprias, fujam do conteúdo pornográfico que incita a
masturbação, aprendam a olhar os outros não como possíveis parceiros sexuais,
mas como irmãos. Isto evitará graves problemas de ordem sexual, psicológica e
afetiva no futuro. Além, é claro, do fator principal: Este não é um fruto de
santificação – do contrário – é abominável aos olhos do Senhor.
Abstenha-se do namoro pecaminoso,
da solteirice promíscua, fuja de tudo isso! Ainda que pareça ser impossível ou
impensável, é possível abnegar-se dos desejos carnais em submissão ao Senhor.
Disciplina:
Quando eu era menino, falava como
menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem,
deixei para trás as coisas de menino. (I Coríntios 13.11)
Acabamos de ver que para ter um
relacionamento submisso a Deus, precisamos nos abnegar dos chamados “desejos
naturais da juventude”. Na verdade, esses desejos existem e são postos lá pelo
próprio Deus que nos criou, mas eles não são um indicativo de que já é a hora
de iniciar a vida sexual, mas sim, que é o momento de se preparar.
Biblicamente falando, existem
alguns indicativos, pontos de perseguição, que todo jovem deve atingir ou no
mínimo perscrutar, para que possa ser considerado apto a relacionar-se. Antigamente,
por um processo familiar educacional, o jovem rapaz e a moça aprendiam esses
princípios, quase que por osmose, e facilmente os aplicavam. Hoje, é necessário
revisá-los, porque a não observância destes, tem levado muitos à ruína, e
nossas famílias, à degradação.
Observe-os bem, pois além de uma
regra a ser seguida, estes são parâmetros para a sua escolha de um parceiro para
o resto da vida.
·
Meninos: Vocês estão aptos a exercerem
liderança espiritual?
Sabem mais
de Bíblia que suas namoradas? São capazes de lidera-las espiritualmente? Podem
conduzi-las a Cristo e rumarem ao centro da vontade de Deus de tal modo que
elas vejam Cristo refletido em suas vidas?
·
Você é capaz de cuidar do caráter da sua esposa?
É
suficientemente competente para se dedicar a ela e prover-lhe alegria? Seria
capaz de ama-la à ponto de dar sua vida por ela? Consegue fazer com que ela se
sinta física e emocionalmente protegida por você?
·
Você pode prove-la financeiramente? Sustenta-la? Já
trabalha com o intuito de casar-se e dar um lar seguro a sua família?
Tais tarefas cabem exclusivamente ao
homem, pois ele é o futuro sacerdote e provedor do lar, responsável por guiar
sua família até Deus. Se sua resposta a essas perguntas for “não”, você não
está pronto para namorar.
·
Meninas: Vocês são recatadas?
O que mais
chama atenção em vocês: Suas palavras ou seus decotes? Vocês são conhecidas por
seu caráter ou por serem sensuais? Vocês se guardam para seus esposos ou se
mostram para o mundo?
·
Você é feminina?
Seu modo
de agir exprime a feminilidade de uma mulher de Deus? Você já sabe fazer coisas
que uma mulher deve fazer? É briguenta ou apaziguadora?
·
Você é submissa aos seus pais? É educada e
obediente?
Este é um termômetro
perfeito para a escolha de uma boa namorada/esposa.
Estes padrões podem parecer do
século passado, mas, na realidade, são mais atuais que o jornal de amanhã, pois
são divinos. E se você não passou neste teste, quer dizer que ainda não pode
nem ser chamado de homem ou mulher! Ainda é necessário crescer em graça, de
modo que absorva o padrão de Cristo. A submissão a Cristo gera em nós um
espírito disciplinado, apto para um relacionamento bíblico.
Amor
Amados, amemo-nos uns aos outros,
pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. (1 João 4.7)
Por fim,
precisamos entender que, um relacionamento submisso a Cristo é regado por amor.
E como nos
enganamos acerca disso!
Com a
banalização que temos vivido, o amor tornou-se um conceito aquém daquilo que
realmente é. Segundo a Bíblia, o verdadeiro amor é vivido somente e plenamente
por aqueles que estão em Cristo e são nova criação. O amor do cristão não é
mais o amor do mundo, porque em todas as esferas da vida, ele ganha um novo
significado; nos relacionamentos amorosos não poderia ser diferente. De “eros”
(amor entre homem e mulher), passa a ser “ágape” (amor sacrifical, desmedido,
como o de Cristo por Sua Igreja).
Nós amamos com o
amor de Cristo, que foi capaz de morrer pelo seu inimigo e torna-lo sua Noiva.
Assim,
percebemos que, pelo verdadeiro amor, somos capazes de respeitar nosso futuro
esposo (a), de não provocarmos desejos libidinosos fora do tempo, de sermos
fiéis até nos desejos e pensamentos, e de entender que o que sentimos deve ser
eterno, inquebrável, indestrutível, e não frívolo, leviano... Se você gostou de alguém hoje e amanhã se
interessou por outro, entenda: Não era amor!
O verdadeiro e santo Amor, ama a
Deus acima de todas as coisas e pessoas, é perfeitamente expresso em 1
Coríntios 13, sabe esperar e, quando acontece, só pode ser quebrado com a
morte.
Entenda primeiro o que é “amar” e
depois exerça o amor... Tudo a seu tempo.
O namoro, seguindo os preceitos
bíblicos, é único, porque é baseado em amor, e por este motivo é preparação
para o casamento, por se tratar, em primeira instância, da união de almas,
propósitos, sonhos.... Não sou adepto de movimentos de castidade que pregam
corte, namoro telepático e etc., mas aconselho-os a esperar e, se você começou
a namorar, mas não tem as características citadas neste estudo aflorando em
você, termine! Não se case por beleza, desejo sexual ou qualquer outro motivo.
Seu casamento pouco durará e vocês estarão em pecado até o fim da vida.
É possível agradar a Deus com seu
relacionamento, e desenvolve-lo de modo santificado. Esta também é uma regra
para os solteiros. Não há, no entanto, uma regra para se chegar a este patamar,
senão a submissão a Deus, como nos diz Tiago 4.7.
Milite contra si mesmo contra a
idolatria sexual; condicione-se espiritualmente para amar mais ao Senhor que ao
desejo de namorar, que ao namoradinho ou aquela paquera. Isto lhe ajudará a
amar corretamente seu parceiro quando acontecer.
Caso você não tenha se encaixado
positivamente em nenhum dos pontos deste estudo, clame a Deus para que faça uma
transformação também em sua vida sexual/relacional. A Santificação é uma via de
regra para os filhos de Deus. Se seu coração a deseja, isto é um excelente
sinal! Recorra ao Senhor em oração e entregue a Ele também esta área de sua
vida! Submeta-se a Cristo, pois esta é a melhor forma de relacionar-se com Ele
e com os outros.
Que Deus nos abençoe!
1: Pergunta 1ª do Catecismo Maior de Westminster;
Leia também: Purificando o coração da idolatria sexual, John D. Street - Nutra Publicações
Assista: Namoro Bíblico - Paul Washer: https://www.youtube.com/watch?v=T1yfz5R_cfk
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