O que é a Trindade?

  O Breve Catecismo de Westminster diz que existe somente um Deus, e este Deus subsiste em três pessoas: Pai Filho e Espírito Santo. E estas três Pessoas possuem a mesma substância, sendo iguais em poder e glória. De forma alguma as Escrituras ensinam que existem três deuses, bem como também não ensina que este Deus se disfarça de outras pessoas para se comunicar com a humanidade, como já imaginaram alguns. Tudo o que podemos afirmar sobre a doutrina da Trindade surgiu diretamente da Bíblia, não sendo e nem podendo ser fonte da elucubração humana, dada a complexidade da doutrina e nossa limitada compreensão. No livro “A Handbook of Christian Truth”, de Harold Lindsell and Charles J. Woodbridge (p.51-52) há uma frase baseada num sermão de Robert South (séc XVII), que se tornou muito famosa e é bastante feliz sobre este assunto, que diz: "A mente do homem não pode entender completamente o mistério da Trindade. Aquele que tentar entender completamente o mistério perderá a cabeça; m

Sermão do Monte: As Bem-Aventuranças [3]

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós."

Chegamos em nossa série nas Bem-Aventuranças. Nesta parte do Sermão do Monte, o Senhor Jesus começa a descrever o caráter de todo aquele que faria parte do Reino de Deus. Ele chama os Seus seguidores de “bem-aventurados”, que do grego “Makariós”, que significa “feliz”, “abençoado”.

Quem é o bem-aventurado?

É aquele que desfruta das bênçãos de Deus. Que foi gerado pela palavra da verdade (Tg 1.18), o verdadeiramente salvo. É o que usufrui de um estado de santidade celestial, alguém que tem paz - a quem Deus quis bem (Lc 2.14). É aquele que nasceu de novo e tem sido capacitado pelo Espírito Santo a viver em obediência a Deus (Fl 2.13). É alguém feliz, por conhecer ao Senhor e ser conhecido d’Ele (Jr 29.11). É o homem “mais que feliz”!

E, felicidade era aquilo que os ouvintes do Senhor Jesus mais queriam encontrar, assim como o é em todas as eras.

É triste contemplar a desenfreada busca do mundo caído por felicidade. Muitos a tem procurado em si mesmos, nas coisas, nos bem materiais, em aventuras... Coisas que não podem preencher, pois, por mais que festas, carros, bebidas e prazer sexual tragam certo alívio às dificuldades da vida, tais coisas são passageiras, não mitigando coisa alguma no fim das contas; só escondem um coração oco. Este, na verdade, é o engano que o pecado traz. Ao passar o seu efeito, a cabeça dói e a incerteza e o vazio voltam a assombrar.

O Sermão do Monte diz que se alguém quer ser feliz, nele encontra o caminho certo, pois só os bem-aventurados são felizes, por terem suas vidas preenchidas pela presença de Deus.

Quais as lições aprendidas com as Bem-Aventuranças?

A primeira lição que aprendemos no estudo das Bem-Aventuranças é que todos os crentes devem ser bem-aventurados.

O Senhor Jesus não afirmou que descreveria um herói da fé ou um “supercrente”. Ele faz uma descrição fiel dos Seus seguidores. Antigamente a Igreja Católica separava os seus fiéis em clero e laicato, os primeiros como cristãos excepcionais e os segundos como “comuns”, que não tinham acesso a Palavra e não podiam seguir os ensinos de Cristo a risca. Entretanto, a Escritura diz que todos somos sacerdotes e responsáveis por uma vida de santidade e obediência, pois somos geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; (1 Pedro 2:9). As epístolas do Novo Testamento, em sua maioria, são endereçadas aos “santos” das igrejas, numa demonstração óbvia de que não é Roma quem canoniza santos, mas o próprio Deus, quando nos justifica pela graça, mediante a fé (Rm 5.1). Por conta desse conceito incorreto, muitos tem pensado que uma vida de obediência e fidelidade a Deus a Sua Palavra é algo que se restringe a pastores, missionários ou diáconos, ou mesmo a um dia da semana, quando por causa do culto dominical, procuram ‘não’ pecar neste dia. Todavia, apesar de termos diferentes chamados, somos todos chamados por um mesmo Deus, que tem por principal atributo a santidade e que exige e nos capacita a vivermos perante Sua face de maneira santa e piedosa. O Sermão do Monte não inicia com uma descrição de Calvinos, Taylors, Judsons. Ele descreve cada um de nós, e o que se espera é que sigamos bem de perto esta conduta cristã.

A segunda questão é que todos os crentes devem manifestar todas estas qualidades.

Todo salvo deve, por necessidade (re)geracional, possuir todas as qualidades descritas nas Bem-Aventuranças, bem como manifestar todas elas, sem exceção.

As Bem-Aventuranças não são como os dons do Espírito Santo (descritos em Romanos ou 1 Coríntios 12), que são capacitações dadas pela terceira Pessoa da Trindade aos cristãos, para serem utilizadas na edificação dos santos e na pregação do Evangelho, onde cada crente numa igreja local, pode ter um ou outro dom (serviço, ciência ou sabedoria, por exemplo), não tendo os outros ou mesmo todos. Elas são antes, como “O Fruto do Espírito” - as nove qualidades de alguém que desfruta de uma nova vida controlada pelo Consolador (Gl 5.22) - que bem podem ser tratadas como um resumo do que Jesus aqui discursou.

Não se admite, portanto, que alguns sejam humildes de espírito e outros mansos, nem que uns sejam misericordiosos e outros chorem, ou que se escolha a qualidade que seja aparentemente mais fácil de ser cumprida, que você se identifique mais. Todos são tudo no Reino de Deus! Você pode até temporariamente, evidenciar uma característica em detrimento da outra, mas nunca não a ter. Até porque, uma Bem-Aventurança leva a outra. E todo o cristão se encaixa em todos os requisitos descritos por Jesus daqueles que fazem parte do Seu Reino.

A terceira questão é que nenhuma dessas características é de tendência natural.

Cada uma das Bem-Aventuranças faz parte de uma nova disposição que somente a graça e intervenção do Espírito Santo operam em nós. É o nascer de novo descrito pelo Senhor em João 3. São qualidades espirituais que só o regenerado pode ter.

Muitos podem se confundir e questionar: “-Mas eu tenho um vizinho que mesmo não sendo crente é tão manso!” e de fato, até parece; mas “humildade de espírito” não se trata daquela humildade cheia de vanglória e vaidade segundo o curso do mundo, é antes, a humildade segundo Deus.

As Bem-Aventuranças não de tratam de qualidades naturais, mas de características espirituais. E aqui contempla-se a glória do Evangelho: Só ele transforma o homem mais orgulhoso do mundo em humilde de espírito.

Assim considerando, este sermão fala essencialmente da diferença do crente para o incrédulo. O incrédulo pode até ser humilde, mas, a menos que conheça a Cristo, nunca reconhecerá que suas obras e religião não o salvam; pode até chorar, mas sem a contemplação da cruz, nunca chorará por seus pecados, por exemplo. Por esta razão, vemos com grande temor a secularização da igreja, pois dia após dia, vemos ela parecer com o mundo, e muitos nem saberem mais o que os diferencia de quem está do lado de fora.

O que nos diferencia é o que o sermão descreve de nós. O mundano confia em si, o crente confia em Deus. O mundano admira a sua justiça, o crente gloria-se no Senhor.

Em último lugar, as Bem-Aventuranças nos garantem o Reino de Deus.

Podemos observar que tanto a primeira quanto a última Bem-Aventurança prometem-nos o Reino de Deus (observe os versículos 3 e 10). Jesus evidencia claramente isto ao dizer que dos pobres de espírito e dos perseguidos por causa da justiça pertence o Reino dos Céus. É a afirmação do Senhor de que somos Seus, que nós e os descrentes pertencemos a reinos diferentes. Nós não almejamos o reino deste mundo nem ajuntamos tesouros aqui, tampouco confiamos em reis humanos, mas sim, em Deus unicamente.

O Reino de Deus é a presença sensível e factual de Cristo, o domínio d’Ele no coração dos crentes e a consumação final do Seu plano, no Novo Céu e Nova Terra. E todas essas bênçãos são-nos garantidas por graça pelo Senhor. Não precisamos ser humildes para ganharmos o Reino, o Reino já é nosso! E por sermos habitantes desta dimensão de justiça, paz, alegria e amor do Pai, que somos chamados bem-aventurados, mais que felizes, dignos de congratulações! É a união com Cristo que faz de nós homens a quem Deus quer bem (Rm 5.11).

Você é feliz? Desfruta de paz? É alguém bem-aventurado? Sua consciência tem tranquilidade em repousar nas promessas do Senhor, mediante estas novas características que fluíram em seu interior com o lavar regenerador do Espírito Santo de Deus? Quem é você e a que reino pertence?
Que Deus o abençoe, para que a cada dia, suas respostas sejam positivas, movidas de forte convicção e regadas pela felicidade de alguém que mediante o perdão garantido por Cristo na cruz, desfruta do amor de Deus.

Soli Deo Gloria.

Sermão exposto pelo Pr. Luan Almeida.
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Esboço baseado no livro: Estudos no Sermão do Monte. Martyn Lloyd Jones, Ed. FIEL. Adquira o livro aqui.

Outras referências: 

> Comentário Bíblico Matthew Henry (Confira aqui);
> Comentário Bíblico Esperança (Aqui);
> Livro: Crucificando a Moralidade. Ed. FIEL (Aqui);
> Meditações no Evangelho de Mateus. Ed. FIEL (Aqui).




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