"Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram,
porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque
eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de
coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores,
porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que
foram antes de vós."
Chegamos em nossa série nas Bem-Aventuranças.
Nesta parte do Sermão do Monte, o Senhor Jesus começa a descrever o caráter de
todo aquele que faria parte do Reino de Deus. Ele chama os Seus seguidores de “bem-aventurados”,
que do grego “Makariós”, que significa “feliz”, “abençoado”.
Quem é o bem-aventurado?
É aquele que desfruta das bênçãos
de Deus. Que foi gerado pela palavra da verdade (Tg 1.18), o verdadeiramente
salvo. É o que usufrui de um estado de santidade celestial, alguém que tem paz
- a quem Deus quis bem (Lc 2.14). É aquele que nasceu de novo e tem sido
capacitado pelo Espírito Santo a viver em obediência a Deus (Fl 2.13). É alguém
feliz, por conhecer ao Senhor e ser conhecido d’Ele (Jr 29.11). É o homem “mais
que feliz”!
E, felicidade era aquilo que os ouvintes
do Senhor Jesus mais queriam encontrar, assim como o é em todas as eras.
É triste contemplar a desenfreada
busca do mundo caído por felicidade. Muitos a tem procurado em si mesmos, nas
coisas, nos bem materiais, em aventuras... Coisas que não podem preencher, pois,
por mais que festas, carros, bebidas e prazer sexual tragam certo alívio às
dificuldades da vida, tais coisas são passageiras, não mitigando coisa alguma
no fim das contas; só escondem um coração oco. Este, na verdade, é o engano que
o pecado traz. Ao passar o seu efeito, a cabeça dói e a incerteza e o vazio voltam
a assombrar.
O Sermão do Monte diz que se alguém
quer ser feliz, nele encontra o caminho certo, pois só os bem-aventurados são
felizes, por terem suas vidas preenchidas pela presença de Deus.
Quais as lições aprendidas com as Bem-Aventuranças?
A primeira lição que aprendemos no
estudo das Bem-Aventuranças é que todos
os crentes devem ser bem-aventurados.
O Senhor Jesus não afirmou que
descreveria um herói da fé ou um “supercrente”. Ele faz uma descrição fiel dos Seus
seguidores. Antigamente a Igreja Católica separava os seus fiéis em clero e laicato,
os primeiros como cristãos excepcionais e os segundos como “comuns”, que não
tinham acesso a Palavra e não podiam seguir os ensinos de Cristo a risca. Entretanto,
a Escritura diz que todos somos sacerdotes e responsáveis por uma vida de santidade
e obediência, pois somos geração eleita,
o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; (1
Pedro 2:9). As epístolas do Novo Testamento, em sua maioria, são endereçadas
aos “santos” das igrejas, numa demonstração óbvia de que não é Roma quem
canoniza santos, mas o próprio Deus, quando nos justifica pela graça, mediante
a fé (Rm 5.1). Por conta desse conceito incorreto, muitos tem pensado que uma
vida de obediência e fidelidade a Deus a Sua Palavra é algo que se restringe a
pastores, missionários ou diáconos, ou mesmo a um dia da semana, quando por
causa do culto dominical, procuram ‘não’ pecar neste dia. Todavia, apesar de
termos diferentes chamados, somos todos chamados por um mesmo Deus, que tem por
principal atributo a santidade e que exige e nos capacita a vivermos perante Sua
face de maneira santa e piedosa. O Sermão do Monte não inicia com uma descrição
de Calvinos, Taylors, Judsons. Ele descreve cada um de nós, e o que se espera é
que sigamos bem de perto esta conduta cristã.
A segunda questão é que todos os crentes devem manifestar todas
estas qualidades.
Todo salvo deve, por necessidade
(re)geracional, possuir todas as qualidades descritas nas Bem-Aventuranças, bem
como manifestar todas elas, sem exceção.
As Bem-Aventuranças não são como os
dons do Espírito Santo (descritos em Romanos ou 1 Coríntios 12), que são capacitações
dadas pela terceira Pessoa da Trindade aos cristãos, para serem utilizadas na
edificação dos santos e na pregação do Evangelho, onde cada crente numa igreja
local, pode ter um ou outro dom (serviço, ciência ou sabedoria, por exemplo),
não tendo os outros ou mesmo todos. Elas são antes, como “O Fruto do Espírito”
- as nove qualidades de alguém que desfruta de uma nova vida controlada pelo
Consolador (Gl 5.22) - que bem podem ser tratadas como um resumo do que Jesus
aqui discursou.
Não se admite, portanto, que alguns
sejam humildes de espírito e outros mansos, nem que uns sejam misericordiosos e
outros chorem, ou que se escolha a qualidade que seja aparentemente mais fácil
de ser cumprida, que você se identifique mais. Todos são tudo no Reino de Deus!
Você pode até temporariamente, evidenciar uma característica em detrimento da
outra, mas nunca não a ter. Até porque, uma Bem-Aventurança leva a outra. E
todo o cristão se encaixa em todos os requisitos descritos por Jesus daqueles
que fazem parte do Seu Reino.
A terceira questão é que nenhuma dessas características é de
tendência natural.
Cada uma das Bem-Aventuranças faz
parte de uma nova disposição que somente a graça e intervenção do Espírito
Santo operam em nós. É o nascer de novo descrito pelo Senhor em João 3. São
qualidades espirituais que só o regenerado pode ter.
Muitos podem se confundir e questionar:
“-Mas eu tenho um vizinho que mesmo não sendo crente é tão manso!” e de fato,
até parece; mas “humildade de espírito” não se trata daquela humildade cheia de
vanglória e vaidade segundo o curso do mundo, é antes, a humildade segundo
Deus.
As Bem-Aventuranças não de tratam
de qualidades naturais, mas de características espirituais. E aqui contempla-se
a glória do Evangelho: Só ele transforma o homem mais orgulhoso do mundo em
humilde de espírito.
Assim considerando, este sermão
fala essencialmente da diferença do crente para o incrédulo. O incrédulo pode
até ser humilde, mas, a menos que conheça a Cristo, nunca reconhecerá que suas
obras e religião não o salvam; pode até chorar, mas sem a contemplação da cruz,
nunca chorará por seus pecados, por exemplo. Por esta razão, vemos com grande temor
a secularização da igreja, pois dia após dia, vemos ela parecer com o mundo, e
muitos nem saberem mais o que os diferencia de quem está do lado de fora.
O que nos diferencia é o que o
sermão descreve de nós. O mundano confia em si, o crente confia em Deus. O
mundano admira a sua justiça, o crente gloria-se no Senhor.
Em último lugar, as Bem-Aventuranças nos garantem o Reino de
Deus.
Podemos observar que tanto a
primeira quanto a última Bem-Aventurança prometem-nos o Reino de Deus (observe
os versículos 3 e 10). Jesus evidencia claramente isto ao dizer que dos pobres
de espírito e dos perseguidos por causa da justiça pertence o Reino dos Céus. É
a afirmação do Senhor de que somos Seus, que nós e os descrentes pertencemos a
reinos diferentes. Nós não almejamos o reino deste mundo nem ajuntamos tesouros
aqui, tampouco confiamos em reis humanos, mas sim, em Deus unicamente.
O Reino de Deus é a presença
sensível e factual de Cristo, o domínio d’Ele no coração dos crentes e a
consumação final do Seu plano, no Novo Céu e Nova Terra. E todas essas bênçãos
são-nos garantidas por graça pelo Senhor. Não precisamos ser humildes para
ganharmos o Reino, o Reino já é nosso! E por sermos habitantes desta dimensão
de justiça, paz, alegria e amor do Pai, que somos chamados bem-aventurados,
mais que felizes, dignos de congratulações! É a união com Cristo que faz de nós
homens a quem Deus quer bem (Rm 5.11).
Você é feliz? Desfruta de paz? É
alguém bem-aventurado? Sua consciência tem tranquilidade em repousar nas
promessas do Senhor, mediante estas novas características que fluíram em seu
interior com o lavar regenerador do Espírito Santo de Deus? Quem é você e a que
reino pertence?
Que Deus o abençoe, para que a cada
dia, suas respostas sejam positivas, movidas de forte convicção e regadas pela
felicidade de alguém que mediante o perdão garantido por Cristo na cruz,
desfruta do amor de Deus.
Soli Deo Gloria.
_______________________________________________________________
Esboço baseado no livro: Estudos no Sermão do Monte. Martyn Lloyd Jones, Ed. FIEL. Adquira o livro aqui.
Outras referências:
> Comentário Bíblico Esperança (Aqui);
> Livro: Crucificando a Moralidade. Ed. FIEL (Aqui);
> Meditações no Evangelho de Mateus. Ed. FIEL (Aqui).
CLIQUE AQUI E CONFIRA A PRÓXIMA EXPOSIÇÃO
Comentários
Postar um comentário