O Sermão do Monte é o mais
importante de Jesus registrado na Bíblia. Não é à toa que Mateus o registra na
íntegra. Vemos em todo o Novo Testamento, o aviso do Reino dos Céus. João
Batista (Marcos 1.15) e o próprio Senhor Jesus (Mateus 4.17) anunciam a chegada
do Reino de Deus, e no sermão, o próprio Cristo ensina como é a vida dentro
deste Reino, a vida daqueles que creriam no Seu nome e fariam parte do Reino do
amor de Deus. Ele nos mostra qual a seria a exigência para nós, os salvos. Uma
vez que fomos libertos do pecado e estamos aos pés de Jesus, podemos então
viver a vida de santidade que o Senhor projetou para nós, pois “Se alguém está em Cristo, é nova criação. As
coisas velhas se passaram e se fizeram novas todas as coisas” (2 Co 5.17).
Deste modo, somente um crente lavado e remido pelo sangue do Cordeiro pode
viver, sentir, buscar as coisas que Jesus nos ensina no Sermão. Um descrente
nunca poderá viver em conformidade com os ensinos aqui retratados, porque está
afastado da glória de Deus, que em graça nos salva e capacita a viver em Sua santidade.
O sermão foi pregado no norte de
Israel, próximo ao Mar da Galileia, num lugar que ficou chamado Monte das
Bem-Aventuranças. Os ouvintes foram os discípulos, que Jesus acabara de eleger
(Mt 4.18 ss), numerosos seguidores que vieram na véspera e uma multidão vinda
da palestina para ouvir Jesus (Mt 4.24, 25).
Ele é organizado da seguinte
forma:
Ø Mateus
5.3-10 – A descrição do caráter do crente;
Ø Mateus
5.10-12 – O caráter do crente em relação do mundo;
Ø Mateus
5.13-16 – Função do crente na sociedade e no mundo;
Ø Mateus
5.17-48 – O crente diante da Lei de Deus;
Ø Mateus
6 – A vida do crente em relacionamento com Deus;
Ø Mateus
7 – O crente sob o temor de Deus.
O sermão nos fala das
características que permeiam a vida do cristão. Não deve ser para nós uma carta
condenatória, por mais difícil que pareça viver em plena conformidade. É, no
entanto, um ensino e fonte de comparação, pois todo aquele que nasceu de novo
se questiona: “-Como posso agradar esse
Deus, que me deu o Seu Filho? Como posso viver para Ele, uma vez que Jesus
viveu e morreu por mim?”. E a resposta a esse santo clamor está aqui.
Diferentemente da Lei, que
mostrava que nunca conseguiríamos cumpri-la, o Sermão do Monte nos mostra que é
possível vive-lo, pois em Sua encarnação (João 1.14), Jesus nos mostrou como fazer, não somente o que fazer. Nestes três capítulos,
vemos a três qualidades do crente.
O
crente é uma pessoa que vive consciente de que está na presença de Deus:
O mundo não vive na presença de
Deus, o cristão sim. E este é um grande diferencial, um divisor nas mais
profundas águas. Somos filhos de Deus, e por isso, devemos ser como o Filho de
Deus; como um imitador, que organicamente apreende e imita os passos do Pai
(Efésios 5.1). Jesus imitava o Pai, de modo que vê-Lo, era ver o próprio Deus
(João 14.9). E se somos filhos, como Jesus o é, temos que parecer com Jesus,
que é igual a Deus.
É perceptível o fato de que a
descrição do crente no sermão é exatamente a descrição de como foi Jesus em Sua
vida terrena. Ele é o padrão e o modelo a ser seguido, o fim exato da
santificação (Efésios 4.13); o que nos mostra que em tudo devemos ser como Ele,
estando na Sua presença e imitando ao Pai. Seja na família, manifestando o Seu
amor; no trabalho, expressando fidelidade a Deus na vocação; na vida
devocional, fazendo todas as coisas exclusivamente para Deus - sem vaidade ou
vanglórias; no mundo, sendo exemplo e impactando as pessoas com o testemunho
cristão; e nas atividades, fazendo tudo para que Deus seja visto em cada ato.
Você tem aplicado o Sermão do Monte nestas áreas de sua vida? – É a
pergunta a ser feita neste momento. Não somos como o mundo, por isso não
devemos parecer com o mundo. Somos de Deus e à medida em que O buscamos, nos assemelharemos
mais e mais a Ele.
O
crente não vive preocupado com coisas como alimentação, bebida, moradia ou
vestuário.
Isso obviamente não significa
viver despreocupado com tais coisas. Mas sim que, como cidadãos dos céus,
devemos viver com nossa mente voltada para o lar celestial. Mesmo ainda estando
com os pés na terra, as coisas da terra não são aquilo que ocupa a mente do
crente.
O crente vive desligado das
coisas deste mundo, porque ele sabe que este não é o seu lugar, ele pertence a
um outro Reino. Além disso, por sermos do Senhor, sabemos que tudo o que
necessitamos será de providência d’Ele, como diz o Salmo 1, que tudo quanto o
homem bem-aventurado fizer, prosperará (v.3). Se as aves do céu têm alimento; e
as flores, as mais belas vestimentas, imagina nós, que recebemos o melhor
presente do Pai: Jesus! E o mesmo que foi prometido aos discípulos no passado,
nos é prometido hoje, pela Escritura. Assim como Jesus convidou os discípulos,
Ele nos convida a não andarmos ansiosos (Fp 4.8) e a deixarmos tudo em Suas
mãos (Sl 37.5), pois o crente, por causa do seu relacionamento com Deus não
precisa se preocupar, nem se desesperar com a miséria, com catástrofes, males e
toda a sorte de problemas. Diferentemente do mundo, temos a paz que excede todo
o entendimento!
O
crente é um indivíduo que sempre vive no temor de Deus.
O crente não tem medo, ou pavor
acovardado, porque o verdadeiro amor
lança fora todo o medo (1 Jo 4.8). O temor para com Deus que o crente tem,
é caracterizado por uma vida com reverência e santo respeito (Hb 12.28). O
crente é o único que vive sob um correto sentimento de juízo iminente, pois “...todos devemos comparecer ante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo,
ou bem, ou mal.” (2 Coríntios 5.10). Ele põe, portanto, o Senhor em
primazia e vive em obediência, na busca de uma existência que glorifique a
Deus, pois sabe que o Senhor, no último dia nos trará a julgamento. Ele não
depende de si, pois reconhece que suas atividades na igreja ou obras morais não
são suficientes em si mesmas; que não depende dele nem o salvar-se, pois é um
dom de Deus (Ef 2.8), tampouco o manter-se de pé em sua salvação, pois Cristo é
o Quem nos sustenta até o fim (Mt 24.13); mas como um eleito, desenvolve sua
salvação com temor e tremor, sabendo que é Deus quem opera tanto o querer como
o efetuar, segundo Sua boa vontade (Fp 2.12-13). Devemos, portanto, viver
conscientes de que seremos julgados não mais para a salvação, mas pelas nossas
obras. Por este motivo, podemos viver em gratidão, louvando a Deus e buscando
fazer com que mais pessoas O conheçam e sejam salvas por Ele.
A vida do crente, em temor a Deus, é vivida em desconfiança da carne, na busca da Palavra e não de
movimentos satânicos de revelação, profecias, estripulias gospel e toda sorte
de heresias que utilizam um versículo fora do contexto para distorcer as coisas
concernentes ao poder de Deus e a salvação em Cristo; sabendo que o caminho
será sempre estreito e a porta sempre apertada. O Sermão do Monte é uma
descrição do caráter do crente. Nele, Jesus nos diz: “-Por causa daquilo que vocês são, eis como vocês devem viver”. Este
é o caminho estreito, o modus operandi do cristão.
Como está a sua vida? Tem andado
em conformidade com o que está escrito aqui? Lembre-se que não nos é permitido
escolher cumprir um ou outro preceito, pois neste sermão temos a descrição
exata e fiel de um filho de Deus. A promessa de Deus é que Ele, enquanto nosso
Pai, já providenciou a vitória na cruz de Cristo, e com Ele, morremos para o
pecado, que não mais tem poder sobre nós. Chegaremos lá!
Apegue-se a Cristo. Quanto mais
próximos d’Ele, mais parecidos ficamos, e viveremos com Ele (Hb 12.14), pois foi
para isso que Ele morreu na cruz.
Cristo é um salvador perfeito e
precisamos aceitar Seu Evangelho integralmente. Ele não salva somente nossa
alma, nem nos redime até o momento da conversão e deixa o resto conosco. Ele
continua para sempre sendo nosso intercessor (Hb 7.25). Tampouco é um salvador
fraco, que faz o serviço pela metade (Hb 13.5). Jesus nos salva, santifica e
glorifica, fazendo-nos cumpridores do Sermão do Monte em sua inteireza!
Busquemos o Senhor, que nos
santificará e nos conformará a Seu elevado padrão de santidade!
Soli Deo Gloria.
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Esboço baseado no livro: Estudos no Sermão do Monte. Martyn Lloyd Jones, Ed. FIEL. Adquira o livro aqui.
Outras referências:
> Comentário Bíblico Esperança (Aqui);
> Livro: Crucificando a Moralidade. Ed. FIEL (Aqui);
> Meditações no Evangelho de Mateus. Ed. FIEL (Aqui).
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