“E Jesus,
vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os
seus discípulos; e, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:”
Mateus 5.1,2
Os três capítulos do Sermão do Monte (ou da Montanha) merecem atenção
especial de todo o cristão. Neles estão resumidos os principais ensinos de
Jesus Cristo, acerca do Seu Reino e das condições para se fazer parte d’Ele.
Aqui temos o Senhor falando, não por intermédio de profetas ou por visões, mas
a própria voz de Deus falou estas coisas a Seu povo. Aqui, quem fala é Aquele
quem por estes ensinamentos julgará.
Neste sermão, Jesus explica que tipo de pessoa o crente deve ser, qual caráter
o cristão possui e busca ser pleno, qual a conduta e os hábitos dos seguidores
do Mestre. Se pudéssemos fazer uma chamada de um programa para o Sermão, com
certeza este seria o Globo Repórter, com Sérgio Chapelin e sua voz e dicção
emblemática, dizendo: “-Cristãos. Quem são? Como vivem? O que fazem? O que há
de diferente neles? Tudo isso nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus!”. O
Senhor explica àqueles homens sedentos de instrução (Mateus 4.23-25), a
transformação que lhes estava acontecendo, e como seria suas vidas de agora em
diante, uma vez que, conheceram ao Cristo de Deus.
Como devemos ler e estudar este sermão?
Obviamente a resposta será... Com atenção!
Ali, estavam a ouvir Jesus: escribas, fariseus, zelotes, gentios e
publicanos, cada um com um modo de pensar e uma leitura particular e viciada da
religião. O Senhor mesmo falando, estava mostrando-lhes o caminho, o Reino dos
céus. Todavia, eles podiam vir a entender as palavras de Jesus de um modo
diferente, com base em suas perspectivas, cosmovisões e experiências religiosas.
E assim como naquele momento, existem aqueles que meditam neste sermão com o
olhar da Lei, vendo tudo como uma regra a ser cumprida para se tornar um
cristão, como passos para se alcançar o céu. Pura obediência cega, mecânica.
Entretanto, não se trata disso o Sermão proferido por Jesus. Este até possui um
elemento da Lei, mas Jesus nos dá um conteúdo aprofundado, elementar e elevado,
que transcende a letra da lei. Não se tratam de regras, mas de características
descritivas (Como veremos nas próximas exposições).
Outros veem o Sermão do Monte com os olhos do Evangelho Social, como se
fossem regras de boa convivência, que trariam alguma espécie de justiça social
marxista, acabaria com as desigualdades e promoveria o Reino de Deus na terra.
A Palavra, entretanto, nas “Bem-Aventuranças” (Mateus 5.3, ss), por
exemplo, fala em “humildade de espírito” e que os que choram são felizes
(bem-aventurados). O que demonstra que sem a ajuda do alto, não se pode viver o
que foi pregado por Jesus no monte. A narrativa mateana fala de um Reino dos
Céus, não de um reino político ou uma “utopia nirvânica”, mas de um reino
celestial.
Outros veem o Sermão do Monte numa versão dispensacionalista – na qual,
Jesus trouxe os seus ensinos sobremaneira elevados, que de tão difíceis não
puderam ser cumpridos. Por este motivo, na falha de fazer com que os homens
obedecessem ao conteúdo do sermão, Ele teve de morrer na cruz. Para estes, o
sermão, é um plano fracassado, um monte de regras impossível de serem cumpridas
e que não merecem nossa atenção.
Infelizmente esta é a visão da maioria das pessoas, ainda que não
intencionalmente, quando dizem da dificuldade de agir como rege o Sermão, do
ser misericordioso, de dar a outra face, por exemplo. Todavia, se assim fosse,
nós não precisaríamos ler o sermão, não precisaríamos nos preocupar com Seus
preceitos nem nos sentir condenados por não pôr em prática as suas instruções,
pois nada disso teria valor para nós. Além disso, o Sermão foi endereçado aos
seguidores de Jesus (Mt 5.1-2). Se não servisse para nós, não poderíamos também
dizer que somos o “sal da terra”, tampouco nos apegar as promessas ali
contidas. E não há ensino encontrado aqui, que não seja encontrado nas cartas
de Paulo ou Tiago. Temos, portanto a prova de que estes ensinamentos são para
nós... Hoje! O Sermão do Monte é o novo mandamento, o amor posto em prática e
que deve ser praticado por todo crente, que se chama seguidor de Jesus.
Por que estudar o Sermão do Monte? Por que deveríamos tentar viver em
conformidade com o mesmo?
Primeiro: Jesus morreu para nos capacitar a viver o Sermão do Monte.
Tito 2.14 diz: O qual se deu a si
mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo
seu especial, zeloso de boas obras. (Versão Almeida Corrigida e Fiel). Ele
morreu para nos fazer capazes de viver segundo as boas obras preparadas de
antemão por Ele (Ef 2.10); nos deu o Consolador, o Espírito que nos capacita a
toda boa obra (Jo 16.7; At 1.8). É no Sermão do Monte onde Nosso Senhor nos
instrui acerca do que significa ser cheio do Seu Espírito.
Segundo: Nenhuma outra coisa nos ensina tão insistentemente a absoluta
necessidade do Novo Nascimento e da atuação do Espírito Santo em nós. Quando
estudamos o Sermão nos é revelado o quão distantes estamos do padrão divino e
que sem o Espírito não conseguiríamos nem mesmo nos salvar, veja lá cumprir a
vida de santidade exigida por Jesus na sua pregação. Tal constatação nos leva a
desapontar-nos cada vez mais com a nossas forças ou capacidade humana e
depender exclusivamente da graça de Deus.
Terceiro: Quanto mais pusermos em prática os ensinos de Jesus, mais
experimentaremos da bênção de Deus.
Se você quer possuir poder espiritual, corra para o Sermão do Monte. Se
deseja ser um bom marido, um bom funcionário, um bom irmão de igreja,
familiar... Medite nas palavras de Jesus aqui contidas! Viva-o, ponha-o em
prática, dedique-se a ele e experimente as bênçãos prometidas (Mateus 5.6). Ele
é a estrada que leva à bênção!
Além disso, estudar o Sermão do Monte nos levará a uma vivência cristã
prática, o que nos levará ao evangelismo verdadeiro e ao cristianismo vibrante.
O maior problema em nosso tempo não é a falta de ferramentas
evangelísticas, seminários de pequenos grupos, métodos de crescimento ou afins,
mas de vida e verdade no Senhor. Se todos os que se afirmam cristãos, vivessem
por pelo menos um dia como verdadeiros cristãos, aplicando os ensinamentos do sermão
proferido por Jesus, impactaríamos o mundo para sempre. As guerras e dissenções
que vemos no mundo, não acontecem por conta da política, ideologias ou pelo
clima, mas pela falta de cristãos genuínos no mundo.
É de se invejar o fato de vermos tantos jovens morrendo e vivendo
ardentemente por causas mil, como o comunismo, feminismo e outros muitos
“ismos” que em si não tem sentido. Mas olhem para eles! Vejam sua vivacidade e
intenso desejo de fazer sua ideologia aceita e espalhada pelo globo. Imaginem
como seria se os denominados cristãos vivessem e apregoassem os valores
anunciados por Jesus.
Um exemplo do que aqui é abordado, é o do ex-ministro da justiça indiano,
Dr. Bhimrao Ramji Ambedkar. Que andava muito interessado no budismo e
compareceu em uma grande conferência mundial da religião. O que ele desejava
era saber até que ponto a religião budista era algo vivo. Ele disse, durante a
conferência: “Estou aqui a fim de descobrir a extensão do dinamismo da religião
budista, no que concerne aos habitantes deste país. Quero descobrir se o
budismo é algo vivo.” Questionou ele: “-Tem algo para dar às massas de meus
correligionários párias? O budismo é dinâmico? É capaz de nobilitar as pessoas?”.
A grande tragédia que envolvia aquele homem, é que ele já estivera há muito nos
Estados Unidos e Grã-Bretanha estudando o cristianismo e não encontrou as
respostas para suas perguntas.
Sabemos que o budismo não é a resposta. Afirmamos crer que Jesus é a
resposta. Que Ele veio a este mundo, morreu numa cruz e ressuscitou para
justamente nos capacitar a viver como Ele, a andar no que Ele ensinou, a proceder
segundo o Sermão do Monte.
Se todos vivessem o ensinamento de Jesus, como Ele se preocupou em
transmitir a seus discípulos, o mundo saberia que o Evangelho é vivo e
dinâmico. E não procurariam outra coisa para crer e viver.
Aplicações:
- Depois de tudo o que leu, deseja sair do marasmo e ser uma testemunha
viva do Senhor?
- Deseja sair dos rituais mecânicos dos domingos, do cerimonialismo e da
auto justificação?
- Na história da igreja, vemos que
os períodos de maior dinamismo, testemunho e avivamento, aconteciam quando as
pessoas viviam o Sermão do Monte.
Que o Senhor em Sua infinita graça, nos faça levar estes ensinamentos a
sério e à prática, a fim de nos tornarmos exemplos vivos e impactantes.
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